segunda-feira, 6 de outubro de 2008






Tive vontade de descrever sensações, sonhos, há uma luz nova no olhar. Uma vontade de viver tudo que antes projetava ao futuro e agora se manifesta dizendo: é hoje. Não pode ficar para amanhã. Uma vontade de ir além. Tem até uma pós que não existia antes nos planos. Tem um grupo novo de amigos. Outras saudades que ficam para trás. Algo que me fez bem e que me fez chorar horrores ao se findar, hoje olho como parte do passado já. Isso me alivia a alma. Tenho energia acumulada para cantar, pular, correr, fazer ginástica, estudar, ler e viver.
Comecei ao escolher outra tipologia. Fotografei outras histórias. Mudei a seleção de músicas. Ri mais. Permiti-me sonhar menos. Chega de sonhos. Quero viver. Fui menos amiga, mais companheira de mim. Estava com saudades disso. De mim mesma. Dos projetos. De viver por mim. Pelo que creio. De ser uma. Saudades do meu egoísmo. Tenho me amado tanto que afirmo hoje ter ciúmes de quem me rouba meu tempo comigo mesma. E isso é bom. Eu bebi. Eu dancei. Eu cantei. Eu sorri. Usei salto. Maquiei. Comi menos. Saí mais. A melhor semana depois de muitas aprisionada em um futuro que não chegaria. Gosto de finais assim. Gosto do que me faz bem.
Sinto-me no direito de excluir pessoas. Uma que seja, duas se julgar necessário. Sinto-me no direito de não contar. De não ir. De não fazer. De mudar de planos se quiser. De ficar um pouco mais. De dizer sim. De dizer não. Me sinto no direito de ser eu mesma, a Schali, a Maísa, a mãe, a menina, a filha, a pseudo-jornalista, a poetisa, a amante, com seus medos, com seus sonhos, com meus defeitos, com meus sorrisos.
Uma vez descrevi a solidão da forma errônea. Não havia naquele tempo aprendido o
suficiente sobre mim mesma. E hoje sinto tanto prazer de estar assim que quero permanecer mais tempo. Isso é um misto de coragem e persistência. De amor e auto-estima. De vida e encontro. Hoje não corrijo mais erros de português alheio. Desisti dos outros em parte. Invisto mais em mim. Insisto mais em mim. Amo menos quem não merece meu amor. E isso me torna mais feliz.
Um amigo me disse sobre o amor: “amor é o conjunto de experiências afetivas, emocionais, sensitivas, de troca, duradoura, constante e de longo prazo”. Ele sabe o que diz. Tem base para isso. E eu concordo. Portanto se me conheceres hoje, nem pense em me dizer “eu te amo” amanhã pela manhã. Provavelmente o expulsarei da minha vida após isso.
Falando de amor, vou além, a primeira base para o amor existir é a amizade. Eu não viveria com alguém que não sou capaz de conversar horas a fio ou em pleno silêncio. Creio profundamente que depois de dez anos, vinte, meio século o que faz uma relação se manter é o diálogo, a beleza muda, a juventude vai embora, os amigos mudam, a crença religiosa pode ser que também, os seus gostos mais bizarros a serem divididos também estão sujeitos a mudanças drásticas, o sexo nem se fala (ou melhora incrivelmente ou você fica sempre esperando que amanhã fique mais intenso). Agora a conversa, a amizade, a cumplicidade que é conseqüência dela, o respeito, a confiança isso só aumenta conforme você se entregar nesta relação. Conforme os laços do quem sou eu e de quem é você se difundirem (e não! Isso não vai acontecer estritamente na cama!). Não se iluda.
Quero ao meu lado alguém capaz de gostar de mim exatamente como sou, a Schali, a Maísa, as outras tantas que me invento. Não pode gostar mais de uma ou de outra, nem pensar que pode me transformar todo dia. Pode me descobrir todo dia, toda noite. Pode me desvendar. Mas, nunca saberá mais de mim do que eu mesma. Não cheguei até aqui sem me conhecer. Não acredite nisso piamente. Você não sabe mais de mim do que eu. Só sou o que desejo ser. E você só saberá de mim o quanto eu desejar.
Sempre me entregarei como tela branca, preciso saber até onde vais. Preciso te conhecer, como me conheço. Preciso nas primeiras semanas te virar do avesso, ter certeza que somos ‘peças do mesmo jogo de lego’. Assim se não fores, posso seguir meu caminho e você o seu. Só não faça-me crer que és o original para depois se mostrar ‘made in china’. Não me parece justo comigo, não me parece correto consigo mesmo.
Não despreze meus sonhos. Não subestime minha percepção. Não teste minha inteligência. E principalmente não se julgue capaz de me enganar. Esse seria um péssimo começo.
Agora se tiveres paciência para esperar, para se desdobrar em pedaços, para me ver despir as mascaras da razão, quem sabe então nos encontramos. Quem sabe seremos realmente o papel e a caneta. Eu papel, você caneta por hora. Em outra você papel e eu caneta e assim revezamos até escrevermos nossa história.

...

2 comentários:

Anônimo disse...

Faz o favor de parar de falar da minha vida no teu blog!!!

huahauhauahuahua

Não querendo parecer pretensiosa,em alguns momentos tive a impressão de que era eu quem tinha soprado aos seus ouvidos algumas frases escritas.

Muito profundo Schali.

Que bom que você está cuidando do jardim, as borboletas logo vem.

Abraços!

Schali Loureiro disse...

Ah! Que bom que vc se identificou! É muito bom escrever e ver que posso compartilhar experiências e emoções.
Vamos cuidar do jardim sim! Quero borboletas no estômago! =)
Bjão Ca!