segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Memórias



















E depois de tantas voltas, reencontrar a essência. Aquilo que nos move em frente, aquilo que nos faz crer e lutar. A pergunta que nunca cala, a dor, para onde vamos?
Onde vamos parar? E o que restará? Palavras, memórias, palavras transformadas em memórias. Um pedaço de mim que só o papel pode ter. Que só quem se dispuser em ler conhecerá.
A memória dos filhos, quero tê-los mais, pra viver mais além da minha própria vida. Para neles eternizar. Egoísmo? Excentricidade? Querer fugir da ideia da morte, se eternizando na vida dos outros, parte minha.
Meu sangue, meu olhar, a cor dos meus cabelos, dos meus olhos, minha teimosia, meus trejeitos.
E tudo melhorado, misturado com meu par, com a outra metade. Mais alta, mais loira, mais bonita.
Não, não são palavras ao vento somente. São sementes, são histórias, memórias. Só memórias. Memórias de um dia. De uma gestação. Duas. Um parto. Dois. Um casamento. Vida a dois. A quatro.
Amor sem fim, que vai além da vida. Transcende o corpo. Cresce e vive em outros dois corpos. Pequenos e frágeis, que vamos moldando.
Na esperança de serem memórias mais bonitas de nós mesmos.
De serem mais felizes na infância.
De serem adultos, que ainda não somos.
Eterna infância na memória dos amores familiares não vividos.
Eternizados em memórias de textos curtos.
Vividos na maternidade. Amor que damos.
E tudo são memórias.
Confusos, evasivos, com falhas.
Somente memórias.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Filha, um sonho



Falta pouco mais de um mês e meio para comemorarmos o 1º ano de vida da nossa pequena Júlia. A menina dos meus sonhos. Descrita neste blog há muito tempo, antes mesmo da vinda do Bernardo.
Sinto borboletas no estômago com os preparativos para esta comemoração, não lembro quando foi a última vez que me senti assim... talvez tenha sido enquanto arrumava o enxoval dela, as malas da maternidade ou preparava o Chá de Bebê Julino da pequena.
É completamente diferente de todas as festas que já preparei pro Bernardo, os temas eram sempre escolhidos pelo Caio e apoiados veemente pelo pequeno. Uma viagem a cada ano pelo mundo dos super-heróis da DC Comics. Agora é diferente. Meu mundo esta cor-de-rosa.
São balões, flores, rosas, vestidos, um sol diferente. Um perfume no ar.
A minha pequena não é bem a menina que eu havia sonhado, delicada, cheia de não me toques, doce e angelical. A Júlia é terrivel, curiosa, quer saber de tudo, mexer em tudo, experimentar tudo o que puder alcançar com suas pequenas mãozinhas.
Mas, nada disso a torna menos especial, ao contrário. Toda essa personalidade dela a torna ainda mais linda, cativante e envolvente. Ela me destrói com um sorriso de canto nos lábios. Os lábios de uma mocinha de bochechas rosadas.
Cuidar, organizar e fazer muitas das coisas que estarão na festa dela tem um sabor muito doce. Dá vontade de ser super mãe, de saber sozinha decorar, escrever, embalar, recortar, encher balões, se pudesse acho que até a mesa construiria sozinha... tudo para que um dia minha princesa olhe e saiba que fui eu, quem pessoalmente, cuidou de cada detalhe minimo desse dia.
Essa festa que preparamos, de fato será muito mais nossa (minha e o do Caio), do que da Júlia. Porque é a festa de comemoração de um sonho que palpitou muitos anos em nossos corações e que enfim demos a vida.

Contagem regressiva para esse dia!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Mãe...




Demorei tanto para escrever sobre isso, nem sei ao certo se realmente estou pronta.
Escrever e encarar é tornar real. E dói.
A vontade é voltar no tempo, nunca ter ido para longe, nunca ter lhe decepcionado, lhe feito sofrer. Ter obedecido sempre, ter ajudado mais, ter estado mais presente. Ter lhe dado mais ouvidos.
Ter te abraçado mais uma vez. Na lembrança o último tchau, o último beijo e suas mãos já brancas demais, frias demais, pro calor que você sempre nos transmitiu.
Seu último pedido – Cuida do Bê, cuida da Júlia.
Cuida do Bê.
Queria ter levado ele ao hospital, mas não era permitido. Queria ter lhe permitido abraçá-lo a última vez.
Ah mãe... queria tanto ter –lhe aqui mais algumas horas.
Não dá pra entrar no seu quarto sem deitar ao seu lado para ver TV. Não dá para entrar na sala sem sentir seu cheiro ou mesmo no seu banheiro.
Não dá para não esperar ouvir o som da sua voz, aquele comentário, aquela palavra que só viria de ti.
Quem vai estar comigo no parto agora? Se era você quem andava atrás de mim pela casa nas vésperas do Bernardo nascer. E quem vai trazer o chá com bolacha e se preocupar comigo?
Mãe, quem vai fazer sopa de agnholini no inverno? E chá de erva mate aos sábados?
Para quem eu vou correr, quando o mundo me der as costas?
Mããe... quem vai segurar as pontas quando tudo desabar? E quem vai decidir o que fazer no Natal e Ano Novo?
Como vamos comemorar qualquer coisa daqui por diante, se era você nosso alicerce para tudo?
Quem eu vou chamar de mãe? Quem vai brigar por mim com unhas e dentes até contra mim mesma? Se teu amor nunca vai ser igualado??
Talvez eu seja egoísta demais, pensando somente na falta que me faz. Não pense que não considero tua dor, e sim, não queríamos lhe ver sofrer mais. Você foi tão forte, tão brava, tão guerreira.
Sei que ao te ver no hospital, entreguei nas mãos de Deus para que Ele fizesse a vontade d’Ele, que fizesse o que fosse melhor para ti. Mas, no fundo queríamos que fosse eternas, porque parece que foste tão cedo.
Sei, sei que foram 70 árduos anos, um casamento de quase 53 anos, 10 filhos, 9 netos, uma vida de trabalho e dedicação a família. Mas, é justamente por toda essa dedicação que ficou todo esse vazio. Éramos no fundo todos dependentes de ti, da tua força, do teu exemplo e isso nos movia em frente. Agora pela primeira vez, mesmo todos adultos temos que andar sozinhos. E nem o pai sabe fazer isso.
Consola saber que tudo isso te levou para um lugar lindo, sei que não mereces menos que o céu e que lá tens trabalho também, não és de ficar parada, não é mesmo?
Deves estar ajudando e encontrando muita gente querida.
Olha por nós, para eu não deixar de acordar a noite com a sensação de que ainda velas meu sono.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012


Natal, Ano Novo e ainda aniversário, assim tudo junto em poucos dias torna inevitável fazer aquele balanço de consciência – para saber se aquele ano que fica para trás realmente valeu a pena.

2011 foi de muitas emoções contraditórias, sucesso no trabalho, mas de perdas significativas. Logo no inicio do ano perdi minha mãe. Deus a meu ver a chamou cedo demais, não deu tempo dela conhecer a Júlia, mas ela já sabia que seria a Júlia, mesmo sem a confirmação da ultrassom.

Altos e baixos financeiros, já em fevereiro sofremos um acidente de carro que causou a perca total do nosso carro, depois muita enrolação e incomodação com o seguro terminamos o ano de carro. Em janeiro de 2011 morávamos na Batcaverna, mudamos três vezes até encontrarmos um lugar legal para a Júlia nascer, parece que foi a 1ª casa de verdade que tivemos e foi pertinho da sogra... Mas, mais do que era esperado (e eu achava inacreditável que acontecesse) comemoramos as festas na casa nova, nosso tão sonhado apartamento. O compramos na planta e parecia um sonho distante de se concretizar.

Teve o nascimento da Júlia, uma gravidez inesquecível, um parto mais ainda. Depois de muita angústia sobre como seria o parto, optei pelo parto normal. E contra todos, pois de fato ninguém acreditava que eu suportaria – eis que suportei. O último mês da gestação foi de repouso e muita, muita paciência. Cólicas intermináveis, que por vezes eu rogava que nascesse logo. Mas, ela veio no tempo certo, apenas uma semana adiantada. 8 horas de contrações em casa até que se rompeu a bolsa, fomos para o hospital e foram mais 13 horas até o parto. Quase 24 horas naquela expectativa e então eu tive o momento mais gratificante da minha vida, enfim, senti que ali me tornei mulher. Não foi na concepção do Bê ou da Júlia, não foi ao casar, foi ali no momento do parto normal, ali que me senti inteira, completa, uma mulher de verdade. E não tem dor no mundo que roube a glória desse momento, conceber de verdade, parir. E se eu pudesse voltaria no tempo e teria o Bernardo também assim. Parto normal. Parto natural. A vida fluindo de acordo com a vontade de Deus.

E foi nos momentos em que cansei de brigar com a vida, que Deus se manifestou e tudo se resolveu. Não importa o quanto tivessem sido meus esforços, foi a vontade d’Ele que no final prevaleceu.

E 2011 teve esse saldo de vida. Vida de verdade.

Para quem no passado julgou minhas escolhas erradas, incertas e volúveis, hoje minha vida é a prova de que as escolhas foram acertadas. Se eu tivesse ido por outros caminhos, quem sabe terminado a faculdade, eu não teria hoje comigo as pessoas que mais me fazem feliz. Então fica a minha felicidade em dizer: eu acertei.

E não podia esquecer ainda que amanhã é aniver do marido – meu companheiro nisso tudo e em muito mais, sem ele nada disso seria real, e muito menos bom.

Amor, sei que brigamos muito neste ano que passou né? Mas, aprendemos e concordamos que geniosos do jeito que somos é brigando e discordando que no fim nos entendemos e você tem me ensinado muito sobre isso. Te amo demais, obrigada por ter tornado aquele quadro branco que você encontrou nesta pintura linda!

Feliz aniversário e que em 2012 a vida nos proporcione isso: mais altos e baixos, porque foi sempre passando por eles que crescemos.