terça-feira, 6 de novembro de 2007


Doce Condenação.

Culpada. A vida assim o declarou.
Assim todos aclamaram. Sábia decisão que o meritíssimo Tempo tomou.
Foi condenada pelo resto dos dias que viver. Até a morte pagará pelos seus atos, na reclusão de sua solidão. Toda casa virou cela. Toda pedra virou grade. Todos viraram seu carcereiro. Limitou-se a tomar sol duas vezes por dia, e esperar que ele a abandonasse também ao entardecer. Limitou-se a aceitar. A calar.

Tinha um cúmplice, mas ele fugira e ninguém se importou em ir atrás. “Deixe que chegará a hora dele”, disseram. A dela eram todas as horas. Para ela não havia perdão.
Impune, foi feita a justiça, da dor calou em nome da honra que não sabia se tinha e sentiu-se aliviada. Quem sabe dali uns 20 anos poderia ir passear nos fins de semana. Quem sabe até conseguisse uma liberdade provisória, não saberia ainda ao certo.
Calou-se. Acatou a ordem do Supremo Tribunal da Sociedade Perdida, foi levada para a ilha dos Hipócritas Convencidos e até esqueceu-se do cúmplice e ainda se apiedou dele.
Convenceu-se que fez a coisa certa da forma errada e que não merecia perdão.




“Será que é tempo que lhe falta pra perceber?
Será que ainda temos esse tempo pra perder?”

(Lenine)


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