terça-feira, 10 de março de 2009

Manhã

A menina que vinha,
andava sem rumo.
Nos cabelos molhados
a brisa leve da manhã.
Ela ia à saída, buscando soluções.
Andando sem pensar, sentiu arrepios
o frio, o temor.
Lembrou-se do casaco esquecido nas mãos,
foi automático vestir-se.
E viu sumir entre o zíper,
o afago do colo antes a mostra pelo decote.
Ali, sempre assim tão menina e tão mulher.
Com passos seguros, sem saber onde ia.
Mais de uma vez parou.
Olhou, respirou, sentou e continuou.
Não sabia nem o que fazia por ali tão cedo.
Mas, agora observara - o sol ia longe, já estava acima dela.
Numa prece baixinha agradeceu pelo céu, pelas nuvens brancas e escassas.
Ouviu o som dos pássaros. Há quanto tempo não ouvia?
Tão rodeada e tão só.
Hoje havia alguém que a entendia, mas estranhamente isso a incomodava.
Havia se acostumado a estar só.
O frio que percoria-lhe o corpo, lembrava o quanto estava longe do que era.
Nem conformação, nem rebeldia. Nem nada.
Não sabia descrever o que sentia.
Limitava-se. E no limite - o sono.
E no sono, a vontade de abandonar-se.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ai as entrelinhas... Elas me deixam curiosa!!!

O que estará por trás delas, afinal??