segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Deve ser a segunda vez que sinto uma ponta de inveja ao observar sorrisos no meio da aula. Bilhetes passando. Caras e acenos. Isso porque não tenho com quem partilhar nada disso. Se voltei a ser nostálgica? Não. Não a esse ponto. Ando saudosista.
Ontem ganhei bombons. Não engordei, adocei a alma.
Ontem tive um ombro. Nos últimos quatro dias ganhei um ombro que nunca imaginei contar. Ontem falei do meu projeto de vida à ele. Falei do que espero. Do que quero. E sei que não sei como realiza-los. Neste ponto falhei. Fui questionada se estava sem foco, não é verdade, estive abalada. Estou me normalizando. Sempre vivi tudo muito diferente de hoje e aos poucos vou gostando dessas novas experiências.
Ainda não compreendo tudo e por isso meus sentimentos estão um pouco fora do lugar. Mas, sei que está tudo bem.
Pela primeira vez não estou projetando as frustrações de hoje em realizações futuras. Não quero assim. Futuro, realmente, é muito tempo. Quero construir por hoje. Lógico que tudo muda de novo e isso dá medo. Mas, gosto da minha companhia. Aprendi a amar assim. Me tornei melhor depois disso.
Quase tive uma recaída em minhas dores, mas uma conversa me salvou. Descobri que não quero usar o PaLaVrAs como diário.
Não tenho mais necessidade de dividir tanto. Tenho sim de me recolher. Uma coisa ou outra virá para cá. Só o que eu quiser mostrar. Talvez para matar outras saudades. Mas, já não me entregarei assim por inteiro.
Coisas que preciso enumerar dos últimos tempos: aos que amo sou transparente, me dôo até demais. Aos que não me conhecem tenho tendência ao ostracismo. Vou tirar um tempo maior para a leitura, há pelo menos 20 livros na estante que quero desbravar. Irei mais vezes a praça com o Bê, quero vê-lo se sujar mais. Também necessito de mais sol. Começarei hoje, se encontrar minhas chaves. Na sexta-feira comecei a andar de bicicleta, o repetirei algumas vezes por semana. Até começar a trabalhar vou continuar investindo nos dotes culinários (entendam, às vezes isso é destrutivo). Vou sumir um pouco de algumas vidas, saudades fazem bem. Quero ver mais TV, ouvir menos rádio. Se conseguir esta noite vou apagar a luz. Abrir um pouco a janela. Vou guardar o edredom aos primeiros sinais do verão. Quero acordar mais cedo todos os dias. Ir a missa no domingo de manhã, não importa onde esteja. Obrigar o Bernardo a comer mais vezes. Hoje aguardo uma noticia de nascimento. Tenho coisas para jogar fora. Caixas a limpar. Outras guardar. Como todo fim sinto necessidade de fazer faxina por dentro, por fora, em tudo que puder. Deve haver mais coisas que desejarei começar, não lembrarei de todas agora. O que é certo, embora contraditório é que hoje é Ano Novo, então vamos a vida nova.
De todos meus amores os verdadeiros sempre permaneceram. Já provei disso. E sei que hoje o amor não é o ‘formato mínimo’ e isso já é válido. Poderia usar de outros para falar de coisas que não direi. O que realmente interessa é a essência, no mais a raposa também ficou sozinha porque em outro lugar havia uma rosa. E a gente não sabe, de verdade, o final dessa história.

terça-feira, 23 de setembro de 2008




Uma música, que amo demais.


"Eu fico tentando compreender
O que nos Teus olhos pôde ver
Aquela mulher na multidão
Que já condenada acreditou
Que ainda havia o que fazer
Que ainda restara algum valor
E ao se prender em Teu olhar
Por certo haveria de vencer
E assim fizeste a vida
Retornar aos olhos dela
E quem antes condenava
Se percebe pecador
Teu amor desconcertante
Força que conserta o mundo
Eu confesso não saber compreender
Sou humano demais pra compreender
Humano demais pra entender
Este jeito que escolheste de amar quem não merece
Sou humano demais pra compreender
Sou humano demais pra entender que aqueles que escolheste
E tomaste pela mão geralmente eu não os quero do meu lado
Eu fico surpreso ao ver-te assim
Trocando os santos por Zaqueu
E tantos doutores por Simão
Alguns sacerdotes por Mateus
E, mesmo na cruz, em meio à dor
Um gesto revela quem Tu és
Te tornas amigo do ladrão
Só pra lhe roubar o coração
E assim foste o contrário,
O avesso do avesso
E por mais que eu me esforce
Não sei bem se Te conheço
Tu enxergas o profundo
Eu insisto em ver a margem
Quando vês o coração
Eu vejo a imagem"

(Humano demais - Pe. Fábio de Melo)

Ando querendo ser um pouco menos humana.
Buscando o céu. Um sentido para aceitar tudo que o Senhor planejou. Ou o que fiz de errado por não ter compreendido os planos d'Ele. Quero ser do céu. Quero ser menos humana.



Você me faz melhor do que sou, me mostra exatamente como gosto. Tudo que sonhava em termos de amor é você, a maneira certa de amar, a medida exata da felicidade. “to louca pra te ver chegar, to louca pra estar em seus braços’. Não quero te cobrar nada, não quero exigir nada do que eu mesma não posso oferecer, mas te quero aqui, preciso de você um fim de semana, uma semana, um mês, a minha vida inteira.
Ouço tua voz, e sinto teu cheiro;
Ouço tua voz, e sinto teu abraço;
Ouço tua voz, e me imagino em seu colo;
Eu sem você, sou o meio do caminho;
A praia sem sol, o frio sem cobertor;
Eu sem você, sou lágrima sem dor;
Flor sem cheiro.
Não era um terço do que sou, antes de você chegar.
Não tinha em mim uma fração do que hoje me faz forte, paciente.
Você me faz acreditar em tanta coisa que quero,
Você me faz levitar, sem tirar os pés do chão.
Meu príncipe, meu homem, tão real.
Mas, tão longe pra ser tocado.
E se estivesses perto, seria o abraço, o beijo, o carinho que sei que sentes falta.
Seria o calor na noite, queria ser o primeiro abraço do dia, o primeiro afago.
O primeiro riso a avistar, e o corpo aquecendo o seu na madrugada.Seria o sonho, sem sono.




Desde que cheguei na FAC já ouvi coisas absurdas e inesperadas sobre o povo das artes. Briga no meio da aula que mobilizaram até a segurança, era um ato sendo encenado. Nossas janelas amanheceram pintadas com desenhos primários nesta segunda-feira. Coisa das artes. E assim vai...


Hoje pela manhã enquanto nosso professor começava a falar da base do Marketing - o composto dos quatro P’s, uma exclamação: “Olha que bicho!” “Eca! Que nojo! O que é aquilo? Olha professor!”.
E todos os olhares se encontravam na janela, eu que estava no outro lado da sala sem visão ao alcance do que ocorria, nem me despertou a curiosidade – ‘coisa do pessoal das artes’, pensei.


Qual não foi a minha surpresa quando ao apontarem a árvore avistei uma raposa, e como completou nosso professor: “e está grávida”. Sim! Em cima do telhado ao lado de nosso prédio e em direção a nossa janela por uma árvore que está entre as duas estruturas vinha a Dona raposa, linda, calma, sem se importar com os olhares curiosos que a espreitavam e foi descendo e foi se achegando. Bem, babaus a aula. Vamos ao intervalo.


Eu que antes divagava em pensamentos sobre tristezas, pude rir. A beleza daquela senhora grávida, a maneira como não se importou, a sua postura. Ah! Como me soou bela a natureza.
E quem dera pudesse passar pela vida, chamando tanta atenção sem me dar conta, sem me importar com os que me gostam, com os que não. Com os que concordam, com os que me julgam.
Ah! Dona raposa, que lição me deixaste!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Acreditem havia escrito um texto enorme e o perdi.
Em resumo então: só o pequeno me prende a vida. Hoje queria me despedir. Não me é permitido. Então vou continuar.
Havia declarado meu amor as pessoas que mais me são caras pela ordem que invadiram minha vida: Nete, Lari, Nat, Gustavo, Caio. Mãe, amiga/comadre, minha melhor parte, meu eterno psicólogo, meu namorado.
De tantas dores, nenhuma mais dói. De tantos sonhos, todos morreram. Exceto um na verdade, que me incomoda dia e noite. Se antes tinha problemas, ainda era feliz (e muito). Hoje não tenho problemas, fora os que crio... não sou feliz!
"Não pode ver que no meu mundo, um troço qualquer morreu, num corte lento e profundo..." (Cazuza)

quarta-feira, 10 de setembro de 2008




Estou desconcertada.

Passada com a falta de respeito e ética alheia.
O PaLaVrAs nunca foi um blog com muitos visitantes e sim ponto de encontro para amigos intimos e queridos. Vez por outra éramos descobertos por visitantes desconhecidos, mas sempre bem recebidos.

O PaLaVrAs é o livro da pré-história do Bernardo: a paixão, a concepção, a descoberta, a gestação, a vida em meio a tudo isso, o nascimento e a minha vida e a de meu pequeno neste tempo todo. O PaLaVrAs salvo raras exceções, devidamente indicadas, é minha obra. É minha poesia e desabafo, é meu jeito de ser para aqueles que mais me conhecem, para aqueles que precisam ou desejam saber quem sou.
O PaLaVrAs não é aberto para reprodução. Minha vida, embora livro aberto parcialmente aqui, não está aberta a edições.
Para os que não observaram no rodapé da página consta uma nota de direitos autorais. Respeitem, por favor. É simplesmente desagradável e embaraçoso ter que cobrar estes direitos natos a obra em outras vias.

Me felicita saber que os visitantes aqui vindos gostem do que posto, do que penso, que se identifiquem por vezes, mas não posso compreender que se apossem dos meus textos por isso.

Estou completamente decepcionada com o acontecido. E para quem me conhece, não é novidade. Para os que não, um recado: reconheço um texto meu mesmo que declamado em japonês. Sei como escrevo, sei do que escrevo, e normalmente quem tenta ludibriar não chega longe. Burrice não é meu forte.

Fico profundamente triste. Foi lamentável.

terça-feira, 9 de setembro de 2008




Resposta a um post:


"Eu ri qndo vi o post, não que seja cômico, mas por saber que já tive a minha meninha. Me perguntei se a sua, é a mesma que pensei. Se é como a minha era. Tenho saudades as vezes, mas a minha tive que me despedir no passado. Quando a mulher teve que chegar.Mas, para você conto um segredo: às vezes saio escondida na noite só pra encontrá-la, matar a saudade, abraçar, rir e sonhar com ela um pouco do que eu era e esquecer assim momentaneamente quem sou e o que ainda não consegui ser...E é bom saber que posso traze-la de volta à surdina...


Beijo pra ti e pra tu menininha um uuupaaa!=)"


....





Não me sinto muito bem.

Um pouco de remorso. Briguei demais com quem amo mais que a mim. Faltou amor. Faltou paciência.
Ontem tive uma conversa agradável, gostosa. Como há dias queria ter com alguém. Mas, vai me custar demais. Também me sinto culpada. Ele me disse coisas que não quis conversar. Minha vida é aqui. A dele é lá.

Sei que preciso construir por aqui, não é assim tão fácil. Me sinto sozinha, preciso de uma válvula de escape.
O outro ele parece não se importar. Não o subestimo, mas acho que ele não observa tudo. Ou faz-de-conta. Também me irritei ontem. Uma situação desagradável que me faz rir. Talvez devesse conversar. Não me sentia muito disposta a essa abertura, mas pondero, quem sabe me fará bem.
tsc..tsc..tsc..
O papel não me responde, o Bê também não, nem as paredes. Para construir, preciso me inserir. Preciso de uma psicóloga. A minha, amiga querida, tinha várias, ficou longe. Quando a saudade bate sinto falta de risadas e sorrisos, de abraços e puxões de orelha, de Mc: batata- frita e shake, de calor humano e tijolinhos, de ruas conhecidas e brisa do mar que quase não via. Sinto falta de um colo, de ver um parto, de ser madrinha, de um sábado mais meu, mais tempo virtual.

Ah! Chuva interior chegando, é hora de parar....

quinta-feira, 4 de setembro de 2008






Meu namorado....


O meu namorado é canção pura,
ele diz tudo de um jeito especial.
Sempre ao o ouvir sinto seu riso.
Meu namorado é integridade,
calmo como o mar, sujeito a mudanças de marés como a natureza.

Meu namorado, o cara que estou conhecendo.
Ele une a torre de Babel,
ele é criança para jogar,
homem para me amar.

Meu namorado escreve com doçura,
fala com a alma.
Ele vê beleza, onde nem sempre vejo.
Ele me mostra "a vida cor-de-rosa que sonhava".

Somos parecidos e talvez diferentes.
Estamos no primeiro estágio. Nos conhecemos há muito, mas somente agora estamos nos descobrindo.
Culpa dele, ter demorado.
Culpa minha, não ter feito as escolhas certas.

Geograficamente distantes, em pensamento constantemente juntos.
Digo que somos dois bobos. Ele me diz que não. Para ele somos dois apaixonados.
Para mim, paixão me deixa boba.
Mas, não posso deixar de concordar com ele.

Nem sei se percebeu, mas já me disse o primeiro "te amo".
E eu que alguns dias trocava palavras tentando dizer o mesmo.
Meu namorado é o cara que me faz dormir bem uma noite inteira.
Que ao segurar minhas mãos me faz sentir segura.
Sabe o que me dizer. Sabe como dizer.

Meu namorado tem um defeito grave, é colorado.
Ja discutimos. Em casa dia de Grenal vai ser guerra, com certeza.
Por hora estou ganhando, dois contra um.

Meu namorado não se importa se não sei cozinhar demais.
Ele resolveu dividir a cozinha comigo.
Com tudo que me preocupei até agora, ele encontrou uma boa solução.

Ele é mais paciente que eu.
Ele me ensina a amar. E tenho desejo de aprender.
Meu namorado é o homem que esperei a vida inteira.
É humano, tem erros, é sensível, tem espírito.
Ele me completa sem exageros.
Ele me traduz, mostra-me como nem me conheço.

Meu namorado é 'tudo que quis', e assim tenho sido feliz!

....



P.S.: essa história tem continuação...

De todas as formas que me descontrui...


Os lugares onde não existo.
As falas que não componho.

Uma ídéia boba. Uma sensação de nada e vazio.
Uma ligação errada do passado e do presente.
Pensamentos inapropriados a vida que se estabelece.

Dizer sem explicar, cantar sem ouvir.
Sorrir sem contorcer músculos.
Soluçar sem chorar.

A lágrima da rosa.
O vento na folha.
A praça vazia.

As desconstruções.
Os lugares não ocupados e por fim a impaciência comum.
As lembranças esquecidas e a falta do remorso.

Eis, um dia cinza.